Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado (2017)

Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado (2017)

  • De: Mathew Vaughn
  • Com: Colin Firth, Taron Egerton, Mark Strong
  • 2h21min

Foi em 2014 que Mathew Vaughn agarrou em Taron Egerton e Colin Firth e tornou-os numa dupla imbatível contra perigosos vilões (neste caso Samuel L. Jackson e o seu plano delirante que envolvia o rapto de inúmeras celebridades), que ameaçam o mundo, sempre com uma noção icónica de estilo e sempre com um sentido de humor delirante que trouxe à baila o filme Kick-Ass, também da sua autoria. Um elenco com grandes nomes da indústria e uma história irreverente e surpreendente deram o tiro de partida a uma espécie de fenómeno desta década. Kingsman: The Secret Service foi uma grande surpresa, uma lufada de ar fresco nos blockbusters de ação, com uma ligeireza e um sentido de humor únicos que contrastam com o tom mais violento, vibrante e delirante que a história vai adquirindo. E é então que anos mais tarde, Vaughn decide trazer de novo algumas das personagens icónicas para o grande ecrã, dar cabo da agência Kingsman como parte de um temível plano de um cartel de droga global e recriar o espírito contagiante que caracterizou o filme original.

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Kingsman: O Círculo Dourado coloca perante o espetador uma espécie de vingança e de luta contra o tempo entre os sobreviventes de um terrível ataque que dizimou quase que por completo a Kingsman e uma perigosa chefe de um cartel de droga global, conhecido como o The Golden Circle, interpretada por Julianne Moore. Sem o apoio e sem a infraestrutura, resta aos agentes da Kingsman recorrer a um plano de emergência que os leva a conhecer a agência equivalente nos EUA, a Statesman, uma destilaria que se destaca pelo seu Whiskey e por agentes com nomes peculiares, liderados por um Jeff Bridges com uma postura carismática e contagiante.

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Estando o fator surpresa fora do baralho de Vaughn, o potencial desta sequela de Kingsman ficou assente na delirante história que nos é contada, num plano tresloucado de uma vilã obsessiva e cruel que opta por contaminar os seus clientes, infetando as suas drogas com um perigoso vírus mortal, exigindo ao presidente dos EUA a legalização das drogas em troca de um antídoto para salvar todos os afetados. Surge daqui uma narrativa com contornos bizarros, loucos e deliciosos que tão depressa nos faz rir à gargalhada como nos coloca bem seguros ao lugar, a vibrar com perseguições loucas (um pouco com as de Baby Driver) e o humor único e característico que Vaughn confere à história.

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Os novos agentes norte-americanos contribuem para um elenco ainda mais rico, havendo ainda espaço para juntar o lendário Elton John num papel cómico e espetacular que lhe assentou que nem uma luva, roubando todas as atenções no ecrã. Sentiu-se, no entanto, a falta do humor e pronúncia icónica de Valentine, o vilão do primeiro filme, mesmo com o plano e peripécias que surgem à volta da tirania de Julianne Moore, que infelizmente é incapaz de produzir um resultado semelhante ao de Jackson no primeiro capítulo.

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O que há de melhor nesta sequela, já fazia parte do potencial do primeiro filme, pelo que a perda do fator surpresa tornou esta sequela delirante e divertida numa experiência que acabou por não ser tão memorável. Kingsman: O Círculo Dourado consegue, no entanto, ter um humor mais descabido, fruto sobretudo da interpretação icónica de Elton John e de um enredo com peripécias invulgares e inesperadas. E se nos abstrairmos do filme original, há que dar valor a algumas das sequências vibrantes e geniais desta sequela, e que contribuem para um espetáculo energético, louco e divertido de quase duas horas e meia.

O mérito de Matthew Vaughn em Kingsman: O Círculo Dourado está sobretudo assente na capacidade de reproduzir o humor, os momentos delirantes, as personagens carismáticas e a narrativa louca e animada que tornaram o primeiro filme marcante. Na capacidade de entreter com humor e violência descabida, sem ferir as suscetibilidades dos espetadores, e de criar todo um universo de agentes secretos original que mantém todo o potencial que adquiriu com o primeiro filme. Mas é sobretudo a forma como todos os elementos se combinam, sobretudo personagens e enredo, que torna Kingsman: O Círculo Dourado, num espetáculo cativante, divertido e brutal.



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