Crítica | Clube dos Bilionários (2018)


- De: James Cox
- Com: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Taron Egerton
- 1h48min
Clube dos Bilionários pega na temática de Wall Street, num estilo que procura ser jovial e próximo do Lobo de Wall Street, mas peca ao ser demasiado superficial e sem elementos marcantes, deixando apenas o destaque de ser uma espécie de regresso de Kevin Spacey ao grande ecrã.

Clube dos Bilionários, do realizador James Cox estreia agora em Portugal, após múltiplos atrasos no processo de pós-produção, e fica assim caracterizado pela aparição de Kevin Spacey no grande ecrã, depois do escândalo que levou à substituição do actor pelo veterano Christopher Plummer no filme de Ridley Scott Todo o Dinheiro do Mundo, e que curiosamente reúne Spacey e o jovem Ansel Elgort, trazendo à cabeça as memórias do Baby Driver de Edgar Wright. Temos aqui jovens com ambições desmedidas e grandes sonhos, num mundo de loucos, sedento por dinheiro e fama. Uns vivem da fortuna dos pais e outros tentar encontrar os seus esquemas para enriquecer, sempre o mais rápido possível. E é assim que um grupo de jovens se unem para fundar um “clube” exclusivo de investimento, o BBC, que é na verdade mais um esquema para enriquecer depressa, apoiado em poupanças e esperanças de pessoas que desconheciam o processo.
Para uma história tão séria e actual, há que torcer o nariz ao tom leve e mais jovial com que tudo foi tratado. Ainda que possa suscitar alguma curiosidade a um público mais jovem, a forma como as temáticas são tratadas em paralelo com um tom mais louco e próximo de uma comédia de adolescentes não encaixam simplesmente. As personagens são algo superficiais, ainda que Kevin Spacey seja o melhor destaque do filme, mostrando o seu profissionalismo e talento através da dedicação ao projecto. Face à narrativa, é igualmente complicado sentir uma grande empatia pelos jovens e pelas situações mais desagradáveis que vão acontecendo à medida que o conto de fadas de Beverly Hills se transforma num drama trágico, desconexo do tom que o filme quer apresentar.

A história capta no entanto alguns pontos de interesse e, talvez pela temática, nos traga a memória os êxitos de Hollywood com Wall Street em plano de fundo. É a execução que deixa mais a desejar, ao ser incapaz de segurar a atenção do espectador, o que conduziu a alguns momentos em que o desinteresse e o tédio levaram a alguns bocejos. Elgort e Egerton não conseguem estar ao nível que a história precisa para produzir efeito, o que leva por vezes a uma sensação de mero débito de factos e situações. A química entre ambos nunca é muito credível e isto talvez se deva ao tal carácter mais detestável das personagens.
No final, resta muito pouco de original, curioso ou até mesmo divertido (uma vez que o filme por vezes inclina o tom nesta direcção). Há uma clara falta de compatibilidade entre o tom da história e a forma como esta é retratada, talvez por haver uma intenção simultânea de criar uma história à medida de O Lobo de Wall Street e de A Queda de Wall Street, com um estilo mais jovial. Neste Clube dos Bilionários, a alusão que é feita a importância das aparências (o que importa é parecer rico) pode ser utilizada para descrever o próprio filme, incapaz de retratar de forma cativante uma história que é actual e que tinha potencial para muito mais.