Crítica | Booksmart – Inteligentes e Rebeldes (2019)

- De: Olivia Wilde
- Com: Kaitlyn Dever, Beanie Feldstein, Jessica Williams, Jason Sudeikis
- 1h42min
Booksmart, o filme de estreia da actriz Olívia Wilde, na Realização, consegue ser uma pequena pérola no género coming of age, em que se insere, capaz de criar empatia com o espectador, e de explorar o desabrochar da adolescência de forma natural e cativante.
★★★★½
Naquele que foi talvez o período de ausência mais prolongado do Panda’s Choice, houve tempo para acompanhar muitas séries e filmes, mas pouco tempo e vontade para escrevinhar palavras. Booksmart – Inteligentes e Rebeldes é a estreia da actriz Olívia Wilde na Realização, e é também o filme que me motivou o suficiente para voltar à acção. Uma comédia sobre duas adolescentes, Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein), em pleno final de Secundário, que decidiram dedicar-se ao máximo às aulas e às boas notas, achando que assim iam ter uma vantagem enorme sobre todos os colegas quando chegasse a fase da faculdade. Ora quase como destino fatídico e conclusão irónica, as duas descobrem que durante este tempo todo estiveram erradas e que a vida mais “louca” dos colegas não os afastou dos seus objectivos. Confrontadas com tudo isto, decidem compensar todos os anos de estudos desmedidos numa noite de festa épica que lhes traz uma série de momentos caricatos e engraçados e em que se sobressai o tom mais jovial e cómico do filme.
Sempre sem exageros, longe das comédias de adolescentes a lá American Pie, sem as ofensas e sem o humor negro, Booksmart consegue suscitar gargalhadas e humor quando é preciso e sabe conjugar isso com as emoções à flor da pele das duas amigas. É nostálgico pela forma como traz ao de cima a agitação típica do secundário e inteligente pela forma como explora a adolescência, através de duas jovens “marronas” que sempre se viram presas ao stress dos exames e das avaliações e decidem desabrochar um bocadinho. É um pouco de viagem de auto descoberta, pela forma com uma noite é palco de tantas flutuações de humor e de emoções, e ao mesmo tempo é um retrato dos receios da juventude, das dificuldades e também dos pequenos “filmes” que fazemos na nossa cabeça e do quão difícil é por vezes ser mais extrovertido. A cumplicidade entre as duas amigas acaba por ser o centro de toda a história, e talvez o ponto que cultiva logo uma ligação especial com o espectador que perdura durante todo o filme.
É mesmo difícil não nos sentirmos em sintonia com as personagens ou cativados pelo espírito jovial que transparece no grande ecrã. E não deixa de ser também interessante como Olívia Wilde trabalha as personagens principais, e as emoções destas, oferecendo tempo para as conhecermos e para que estas se desenvolvam com naturalidade. Booksmart sabe ser um coming of age cativante e natural com um carácter ligeiro e cómico que se sobressai nos momentos certos. Em relação ao elenco principal, tanto Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein são importantes para o filme na medida em que assentam na perfeição nas personagens que interpretam, acabando mesmo por ofuscar o elenco mais adulto. Este é um filme de adolescentes feito para ser visto por todos, com uma história que é actual e que sabe explorar os problemas de um período de emoções à flor da pele, e um tom ligeiro que funciona pela forma como os desafios e os dramas complementam os aspectos mais cómicos. E assim, Booksmart, o filme de estreia da actriz Olívia Wilde, consegue ser uma pequena pérola no género em que se insere, capaz de criar empatia com o espectador e de explorar o desabrochar da adolescência de forma natural e cativante.