Crítica / MOTELX | Why Don’t You Just Die! (2018)


O vencedor do prémio de Melhor Longa Europeia desta edição do MOTELX, “Why Don’t You Just Die!” é uma violenta história de vingança cheia de humor negro, cuja acção decorre num apartamento.
★★★★
O vencedor do prémio de Melhor Longa Europeia desta edição do MOTELX, “Why Don’t You Just Die!” é uma violenta história de vingança cheia de humor negro, cuja acção decorre num apartamento. O pequeno cenário vai ser o palco de um épico confronto a três frentes, Andrei, um detective da polícia e o pior pai do mundo, uma filha amargurada e desejosa de vingança, e o namorado, um vândalo suspeito, que a seu pedido vai ao apartamento matar o pai. Está aqui a receita para uma sessão de cinema sem precedentes, com uma tensão constante e um sentido de estética notável, visível nos violentos confrontos entre as personagens. Em “Why Don’t You Just Die!”, não há um pingo de receio nem de vergonha para entregar ao público uma história tresloucada e violenta, cheia de humor negro. A tensão que paira entre as personagens, todas com um desejo de vingança cria uma atmosfera cativante que nos deixa à beira do lugar, enquanto esperamos pela conclusão.

Foi de forma inesperada, o filme mais divertido que vi este ano, e o meu favorito na competição, pela forma como uma premissa tão simples se desenrola e pelo estilo muito próprio do filme. O aspecto visual, visível sobretudo nos confrontos coreografados e a forma como a violência e o exagero são estilizados em harmonia com o tom mais cómico do filme, oferecem em simultâneo momentos de choque e momentos para rir às gargalhadas. E tudo isto, sem perder a atenção no desenvolvimento das personagens, com tempo suficiente para conhecer as suas motivações, o seu background e para criar uma história que se destaque pela harmonia entre o humor, o mistério e a violência explosiva. Um dos pontos positivos que me vem logo à cabeça são as acções das personagens que seguem caminhos imprevisíveis e definem o ritmo dinâmico do filme, que tão depressa está repleto de tensão e com as personagens a trocarem olhares cheios de ódio, como do nada tem momentos de pancadaria brutais dignos de um filme de acção, muito bem coreagrafados e apelativos.
O filme do realizador Kirill Sokolov destaca-se assim pela originalidade com que transforma um enredo à partida simples numa experiência invulgar, surreal e divertida, que segue uma trajectória irregular e cativante, sempre envolta em mistério, e que nos coloca em terreno desconhecido e inesperado, ao mesmo tempo que conjuga de forma cativante uma história de vingança com uma tragédia cómica familiar.